APPC cuida do cuidador
O passado dia 3 de Maio marcou o arranque dos programas de alívio ao cuidador, ao promover, no centro de reabilitação, um programa especial para as mães, principais cuidadoras de pessoas com deficiência e incapacidades. Participaram no evento cerca de 35 mães, que ao longo da manhã receberam massagens, conselhos de maquilhagem e aula de PNF-Chi. A satisfação e bem-estar com a participação no programa foi evidente pelas expressões e sorrisos, confirmados pelos inquéritos de satisfação (84% dos clientes ficaram totalmente satisfeitos e 14% muito satisfeitos com o programa; 84% consideraram-no muito importante e 16% importante). Todas as sugestões deixadas vão no sentido de tais iniciativas se repetiram; todos os comentários esgotam-se nos parabéns e no muito bom trabalho. Algo que só foi possível graças ao envolvimento dos nossos colaboradores e à generosidade dos voluntários Fernando Bagnola, Catarina Gonçalves, Ana Duarte, Ana Almeida, Daniela Oliveira, Thais Dias, Rui Barros, Gaspar Barros e Pedro Monteiro, a quem agradecemos calorosamente. O debate e a preocupação das equipas técnicas com a saúde e o bem-estar das principais cuidadoras das pessoas com deficiência e incapacidade, já é antiga, mas atualmente ganha um novo ímpeto, pois cada vez mais assistimos à dedicação exclusiva das nossas mães (sobretudo, mas também tias e avós) ao papel de cuidadoras, privando-se de ser mulher, esposa, amiga, profissional… E se num avião, aceitamos de ânimo leve a sugestão da hospedeira, de colocarmos a mascara de oxigénio primeiro no adulto e depois na criança, pois se o adulto não respirar, não conseguirá prestar os cuidados que a criança venha a precisar, na vida das nossas famílias não há espaço, tempo ou lugar para aceitar tal. Pela ausência de experiências similares e devido à (compreensível) indisponibilidade das mães para cuidar de si, sentimos que o arranque dos programas de alívio ao cuidador teria de se revestir de uma certa informalidade e proporcionar oportunidades de participação destas cuidadoras, em atividades mais livres e pontuais. O sucesso da iniciativa de 3 de maio, levou-nos a confirmar a necessidade de promovermos atividades que raramente ou nunca foram vivenciadas, possibilitando o acesso a outros contextos e experiências e permitindo a partilha de vivências para conseguir alterar o ciclo de dependência diária entre a cuidadora e a pessoa com dependência ou incapacidade. Assim, será possível proporcionar maior bem-estar psicológico, troca de experiências e momentos de reflexão, tendo em conta as diferentes faixas etárias das cuidadoras, que possam eventualmente prevenir a desvalorização da satisfação das suas necessidades individuais. Assim, o alívio ao cuidador será um serviço que se apresentará com projetos de complexidade variável, que jamais se esgotarão na promoção de atividades de bem-estar e lazer, mas que encontrarão nestas, a base e a estratégia para as nossas famílias entenderem o alívio ao cuidador como uma preocupação acrescida para com as pessoas com deficiência e não como uma forma de negligenciá-las pelo afastamento físico momentâneo da mãe.