E depois do leite…Agora a carne processada…
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Após as díspares controvérsias à volta do leite…Atualmente, as atenções focam-se na carne vermelha e processada. Não há memória de um relatório lançar tanto pânico e histeria nos media e na sociedade, tal como o último elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), relativamente à associação entre o consumo de carnes vermelhas e carnes processadas e o risco de desenvolver cancro.
Independentemente da área ou tema em questão, devemos sempre procurar esclarecimento junto de fontes de informação fidedignas e ter uma postura critica. Por isso, vamos aos factos….
A Agência Internacional para a Investigação em Cancro considera 5 níveis de risco na classificação que foi apresentada no presente relatório, desde o grupo 1 – carcinogénico para humanos, até ao grupo 5 - provavelmente não carcinogénico para humanos.
O relatório apresentado pela OMS teve como base a revisão de 800 estudos epidemiológicos – trabalhos de investigação científica que relacionam as patologias com as potenciais causas. Deste modo, o relatório classificou o consumo de carne processada como “carcinogénico para humanos” (grupo 1) e o consumo de carne vermelha como “provavelmente carcinogénico” (grupo 2A).
É importante salientar, que apesar do fumo do tabaco e amianto pertencerem ao mesmo grupo de classificação que as carnes processadas (grupo 1), isto refere-se exclusivamente à demonstração científica sobre o potencial de causarem cancro e não ao nível de risco. Desta forma, é absolutamente errado comparar o risco de fumar com o de consumir carnes processadas no desenvolvimento de cancro. Para desespero de muitos fumadores, fumar continua a acarretar um risco bem mais elevado em relação ao seu potencial em causar cancro comparado ao consumo de carnes processadas.
O relatório divulgou que por cada 50 gramas de carne processada ingerida diariamente, o risco de desenvolver cancro colorretal aumenta em 18% e que para o consumo de 100 gramas de carne vermelha por dia, o risco aumenta 17%. Contudo, isto não se revelou uma supressa para os especialistas que têm vindo a alertar há muito tempo para a relação entre o consumo de carne processada e o risco no desenvolvimento de cancro.
Segundo a Agência Internacional para a Investigação em Cancro, as carnes processadas são produtos transformados por distintos processos tais como salgamento, cura, fermentação e defumação com o objetivo de aumentar a sua palatibilidade e melhorar a preservação. Exemplos destes produtos são as salsichas, hambúrgueres e produtos de charcutaria.
Em suma, deverá ser privilegiado o consumo de carnes brancas, pescado e ovos em detrimento do consumo de carnes processadas e vermelhas. Contudo, um moderado consumo de carne vermelha, poderá ser incluído no âmbito de um padrão alimentar saudável, pois, este alimento também tem os seus benefícios, por ser fonte de vitamina B12, ferro e zinco.
No que toca a alimentação não se deixe assustar por títulos alarmistas de jornais e tenha o cuidado em se esclarecer da melhor forma.
E o que virá para a próxima?...
A Nutricionista do Centro de Reabilitação da APPC
Maria Antónia Campos (0011N)