As calorias são todas iguais?
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O termo “calorias” por si só é motivo de preocupação para grande parte da população. Mas sabe, realmente, do que estamos a falar?
O que geralmente referimos como “calorias” são, na verdade, quilocalorias (kcal). Ou seja, a energia necessária para capacitar o organismo para desempenhar as suas funções. O corpo humano precisa de energia para executar todas as atividades diárias, sejam elas voluntárias (como andar, comer, trabalhar) ou involuntárias (como respirar, pensar, coordenar os movimentos cardíacos ou musculares, entre outras).
Mas serão realmente as calorias todas iguais? 500 kcal de peito de peru serão o mesmo que 500 kcal de massa ou arroz? 100 kcal de brócolos será o mesmo que 100 kcal de azeite?
Claro que não, pois alimentos diferentes são digeridos e metabolizados de forma diferente e, como tal, interagem com o nosso corpo de forma diferente. Deste modo, é importante olhar para alimentação como um todo e não apenas para as calorias, pois os alimentos são constituídos por uma combinação variada de macronutrientes (proteínas, hidratos de carbono e gorduras), micronutrientes (vitaminas e minerais), fibra e água.
A quantidade de energia que cada macronutriente fornece ao nosso corpo também é distinta: cada grama de proteína ou de hidratos de carbono fornece 4 kcal, enquanto cada grama de gordura fornece 9 kcal. Já os micronutrientes, a fibra e a água, não têm calorias pois não desempenham funções energéticas.
Agora o mais importante é pensar que falar de alimentos não é assim tão simples... A título de exemplo, compreenda-se a variedade de hidratos de carbono (HC) que podem estar presentes nos alimentos.
Deste grande grupo de macronutrientes destacam-se os HC simples e os complexos. Os HC simples são constituídos por pequenas unidades de açúcares e são de rápida absorção e fácil digestão. São eles a frutose, uma pentose naturalmente presente na fruta e no mel; a glicose, que pode estar presente igualmente na fruta e no mel assim como em alguns vegetais; a sacarose, característica do açúcar de mesa; a lactose, já conhecida como o açúcar do leite; e a maltose, que se pode encontrar na cevada ou noutros géneros de cereais.
Confuso? Bem a história não fica por aqui!
Neste grupo, temos ainda os HC complexos, nomeadamente o glicogénio, amido, dextrinas e celulose, que são constituídos por várias unidades de HC simples e estão presentes em alimentos como o pão, arroz, massas alimentícias, leguminosas e batatas.
Sendo assim, alguns alimentos que parecem semelhantes por conterem a mesma quantidade de calorias podem, na verdade, ser muito diferentes.
Como consumidor, obviamente que não é imperativo saber tudo isto, mas este é só um exemplo para refletir e compreender que os alimentos não são todos iguais. E que o importante não é só ter em conta o valor energético total, mas sim a qualidade dos alimentos que fazem parte da nossa alimentação. Ou seja, respondendo à pergunta inicial – “As calorias são todas iguais?” –, 500 kcal de peito de peru não representam o mesmo que 500 kcal de massa ou arroz, pois mesmo tendo o mesmo valor energético a sua composição em termos de nutrientes será diferente. O arroz ou a massa são uma maior fonte de HC, enquanto o peru fornece mais proteína e gordura.
Opte por produtos com baixo teor de açúcares simples (pois estes potenciam um rápido aumento da glicemia, podendo contribuir como fator de risco para diabetes tipo 2) e de gorduras saturadas, dando preferência a alimentos com HC complexos, ricos em fibras e com proteínas de alto valor biológico, presentes na carne, peixe e ovos, que lhe fornecem todos os aminoácidos essenciais.
Realizado pelo Gabinete de Nutrição Estagiárias: Beatriz Araújo, Bárbara Teixeira e Daniela Sousa sob orientação da Dra. Maria Antónia Campos