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A APPC é membro da Federação das Associações Portuguesas de Paralisia Cerebral e membro da International Cerebral Palsy Society
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"Os alimentos fora da moda"

Vegetais desenhadosJá repararam nas calças de bombazine à “boca de sino” que têm invadido as montras das lojas de roupa?

E já repararam que as mesmas parecem saídas de um filme hippie dos anos 70?

Pois é, a moda prega-nos estas partidas… O que antes era desejado, passa a ser desprezível e, anos depois, volta a surgir como a última novidade bombástica e imperdível. A moda é assim e desde que a alimentação passou a ser uma questão de moda, também os alimentos que incluímos – ou não... – no nosso dia alimentar variam de acordo com as tendências. Mas será que todos os alimentos que estão agora fora da moda deviam mesmo ter saído das nossas refeições?

Assim, nesta publicação, pretendemos retratar três exemplos de alimentos que têm sido alvo das críticas dos média e que, por isso, têm sido progressivamente descritos como “Alimentos fora da moda”. Vejamos um a um…

 

Vejamos um a um…

 

imagem do pãoO Pão – A reputação de que o pão engorda levou a que muitas pessoas optassem por o eliminar da alimentação na tentativa de conseguir perder peso. Mas o pão está longe de ser o principal “vilão” desta história. Não existe nenhuma maneira de perder peso sem atingirmos um balanço energético negativo, ou seja, as calorias que ingerimos têm de ser inferiores às calorias gastas pelo nosso organismo. Deste modo é fácil entender que não existe nenhum alimento que, por si só, seja responsável pelo aumento de peso, e que a culpa recai numa alimentação com vários alimentos densamente energéticos aliados a um estilo de vida sedentário.

De facto, o pão é uma excelente fonte de hidratos de carbono de absorção lenta. O amido nele presente fornece-nos energia ao longo do dia, reduzindo a fadiga e o cansaço. É ainda rico em minerais como fósforo, magnésio e potássio e em vitaminas do complexo B. Principalmente, se procura perder peso dê preferência ao pão de centeio integral – que, além de ser menos energético que o pão branco, tem um maior teor de fibras que aumentam a saciedade, auxiliam na manutenção de uma glicemia dentro de parâmetros normais e permite o funcionamento adequado do intestino, evitando situações de obstipação e diverticulose.

Não tenha medo de incluir o pão ao pequeno-almoço e nas refeições intercalares (como merenda da manhã e da tarde), apesar da dose recomendada ser variável conforme as necessidades e características de cada pessoa. Um consumo de até três pães por dia incluído numa alimentação equilibrada será vantajoso, principalmente em substituição de outros produtos como bolachas e cereais açucarados que, normalmente, compõem estas refeições. Mas atenção! Estes benefícios só se encontram no pão da padaria e não no pão de forma, pãezinhos de leite ou outros produtos afins.

 

imagem de leiteO Leite – O leite continua a ser um alimento de elevada riqueza nutricional devido ao seu conteúdo em cálcio, que mesmo não sendo a única fonte deste mineral supera outras fontes (tanto em quantidade como em biodisponibilidade e facilidade de absorção pelo organismo). Por isso o seu consumo é um bom aliado para a manutenção da saúde dos seus ossos e dentes. É também uma fonte interessante de fósforo, potássio, vitamina B12 e riboflavina, cuja conjugação promove o regular funcionamento celular e muscular.

O leite é ainda fornecedor de proteínas lácteas de alto valor biológico, sendo formado por todos aminoácidos essenciais e, consequentemente, é também fonte de péptidos bioativos – que têm sido apontados pela comunidade científica como antihipertensivos, antimicrobianos, antioxidantes ou imunomoduladores, entre outros.

Como o teor de gordura do leite não interfere com a restante composição nutricional deste alimento, exceto no que diz respeito ao conteúdo em Vitamina A, recomenda-se a utilização maioritária da sua versão magra com apenas 0,5% de gordura. O consumo de leite e outros laticínios têm sido associados pela ciência a um menor risco de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes tipo II e síndrome metabólica.

Além destes benefícios, e contrariamente ao divulgado pela comunicação social mais sensacionalista, o consumo de leite não se associa a um aumento da mortalidade em geral, nem tem qualquer associação com o risco de cancro no pâncreas, ovário, pulmão e esófago. O único efeito deletério comprovado até ao momento é um ligeiro aumento do risco de cancro da próstata.

No entanto, devido ao seu elevado teor em lactose, alguns indivíduos sentem mau estar gastrointestinal após o consumo do leite. Estes indivíduos devem optar por uma versão 0% lactose que diminuirá esses efeitos.

 

O Fígado Bovino – O seu consumo tem vindo a diminuir ao longo dos anos. No entanto o fígado, além de ser uma incrível fonte proteica, é ainda um alimento rico em vitaminas e minerais, nomeadamente vitaminas A (fortalece o sistema imune), B3, B12 (com papel anti-inflamatório), B5, B6 e C, ácido fólico, riboflavina, selénio (diminui o risco de cancro do cólon), cobre (auxilia na recuperação de tecidos), zinco e ferro.

Principalmente em mulheres em idade fértil, a prevalência de anemia é muito significativa, pelo que o consumo de fígado bovino é recomendado (visto ser uma fonte riquíssima deste mineral, sendo que uma porção de 100 gramas de fígado de bovino grelhado fornece mais de metade da ingestão diária recomendada para o ferro).

Devido ao conteúdo relativamente elevado em colesterol e gorduras saturadas, o seu consumo deve ser moderado em indivíduos com dislipidemias, limitando-o a uma vez por mês.

Apesar de estes alimentos terem vindo a abandonar progressivamente a mesa das famílias portuguesas, a sua composição nutricional não só não justifica a sua eliminação do nosso dia alimentar, como reafirma a necessidade da sua inclusão num padrão alimentar equilibrado e saudável.

Por isso dizemos que faz todo o sentido que estes alimentos voltem a ser os “Alimentos da Moda”!

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