Ama-te a ti próprio e cuida da tua alimentação
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Com as festividades já longe da memória e a nossa alimentação de regresso aos seus bons hábitos (esperemos…) entramos no segundo mês do ano, bem conhecido por todos, não fosse pelo seu dia tão especial que nos aquece o coração - o dia de São Valentim.
Reza a lenda que no século III o imperador Cláudio II proibiu o casamento entre os jovens apaixonados pois acreditava que se os homens fossem solteiros mais facilmente quereriam fazer parte do seu vasto exército. Valentim, destemido bispo, decidiu realizar casamentos em segredo o que eventualmente levou à sua condenação no dia 14 de Fevereiro, dia esse que escolhemos para celebrar o seu dia e o também dia dos namorados.
Um dia recheado de romantismo para os mais crentes, ou apenas uma boa oportunidade de negócio para outros, a verdade é que o dia de São Valentim não deixa de ser um bom lembrete para pararmos um pouco na agitação do nosso quotidiano e celebrarmos o amor que temos presente na nossa vida: o amor por nós próprios e o amor que nutrimos pelo outro.
No caso da Paralisia Cerebral (PC) torna-se especialmente importante esta celebração pois são os fortes laços de amor entre o cuidador e a pessoa com PC que tornam possível que os desafios constantes do dia-a-dia sejam ultrapassados e que esta receba a assistência necessária para ter a melhor qualidade de vida possível.
Um dos cuidados essenciais e que requer o gasto de tempo e carinho pelo cuidador é sem dúvida a alimentação. Uma alimentação cuidada e adaptada às necessidades da pessoa com PC é muito importante pois reflete-se de forma positiva no seu crescimento, no estado geral de saúde e numa maior participação nas atividades diárias.
É necessário lembrar que cada pessoa com PC é diferente. As suas necessidades nutricionais variam com diversos fatores como a manifestação clínica da patologia, a capacidade de mobilidade e outras situações associadas. Face a problemas alimentares como a disfagia ou a aspiração de alimentos, as refeições podem ainda assumir diferentes consistências e ser administradas por via oral ou, quando não for de todo possível, por sonda gástrica.
Não há uma formula única nem uma fórmula perfeita da alimentação, o importante é monitorizar-se o estado nutricional da pessoa com PC e ir-se adaptando a alimentação às suas necessidades, respeitando sempre as suas preferências e aversões alimentares.
É no entanto muito importante realçar que independentemente dos ajustes necessários e, aproveitando o significado do nome Valentim, as linhas gerais de uma alimentação “saudável” são aplicáveis em qualquer caso específico, basta somente praticá-las!
A alimentação na PC pode ser um desafio, mas as dificuldades devem ser encaradas como uma oportunidade para ser criativo na cozinha e pôr em prática as dicas que lhe vamos dando ao longo dos meses. Pode vir a surpreender-se e descobrir até que tem um chef dentro de si!!!
A alimentação é sem dúvida o nosso melhor medicamento, por isso alimente-se bem: o seu corpo agradece e apostamos consigo que vai amar-se ainda mais.
Maria João Arrifano, Nutricionista Estagiária
Sob supervisão da Dr.ª Maria Antónia Campos